«(...) apenas as pessoas ingénuas mantém intacta a capacidade de olhar para o mundo como se fosse a primeira vez. Conseguem assim, com frequência, vislumbrar aquilo que, por ser evidente, por estar explícito, poucos se mostram capazes de ver. Os grandes segredos estão expostos ao sol. Manter-se ingénuo significa, por exemplo, não perder a capacidade de se indignar. Os muito ingénuos não envelhecem nunca. Ingénuo é, finalmente, aquele que acredita no coração do Homem.»
José Eduardo Agualusa in Prefácio ao livro de Laurinda Alves "Xis Ideias para Pensar"
No "caminho para a maturidade" tenho-me perguntado várias vezes sobre o lugar que a criança Jonicas, que continua a existir em mim, vai ter no final de todo este processo... Até que ponto a ingenuidade dessa criança vai continuar, ou não, a ter espaço na minha vida...
Parece-me que essa ingenuidade continua e vai a continuar a existir em mim... a apesar de tudo eu sei que não a quero "matar"... afinal é ela que em determinadas situações me faz ser tão transparente, é ela que por vezes transforma o meu olhar num oceano, é ela que me faz voltar a acreditar, que faz com que eu me consiga maravilhar com as paisagens de sonho e os cheirinhos a terra molhada e a ervas aromáticas no caminho para a Lagoa, que me "obriga" a sorrir para e a mimar as pessoas que comigo se cruzam na minha vida profissional e pessoal...
Continuo e continuarei a ter a minha ingenuidade... já é uma ingenuidade consciente e assumida, com a qual estou a aprender a lidar, de modo a que as suas partidas não me apanhem na curva da estrada... mas ela existe, está presente e faz-me acreditar no coração do Homem!
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