"Curai os enfermos, ressuscitai os mortos,
sarai os leprosos, expulsai os demónios."
Mt 10, 8
Os seus discípulos são verdadeiros cuidadores de quem sofre, próximos para acompanhar e estender a mão aos "invisíveis" ou "esquecidos" do correr do mundo. São comunidade que promove a saúde global da pessoa, a salvação que Deus oferece, como bem a define Luciano Sandrini num livro de que se espera breve tradução "Chiesa comunitá sanante". Sublinha o autor três atitudes geradoras de saúde: ter um olhar contemplativo sobre a vida e uma atitude profética de libertação; ser sinal da proximidade do Pai e do seu coração "materno"; ser "celebrantes" da experiência-saúde. Sentimos que esta missão confiada por Jesus de ser presença de saúde-salvação no mundo é privilegiada nas nossas acções pastorais? Como recebem a graça confiada à Igreja para chegar a eles os "doentes", os "mortos", os "leprosos" e os "atormentados pelos demónios"?
É doloroso muitos cuidados básicos de saúde ainda serem privilégio só de alguns. E alguma saúde ser só para quem tem muito dinheiro. Contudo, nada pode comprar a saúde que é presente gratuito. Essa que ressuscita de mortes em vida quando nos descobrimos importantes para alguém; que vence a indiferença e o medo de contágio das imperfeições; que gera paz e reconciliação. Esta é a saúde que, quando damos, também recebemos. Como se fosse um abraço!
É urgente aprender com Jesus a força terapêutica do abraço. Se os especialistas dizem que deveríamos receber três abraços diários para uma vida afectiva saudável, é provável que esse défice seja bem maior do que o económico. Creio que a maior parte da cura trazida por Jesus era o seu olhar, as palavras que dizia, os gestos com que tocava, serem um profundo abraço de Deus. Um abraço que é tão difícil de definir, como dizia o filósofo Paul Ricoeur: "Quando duas pessoas se abraçam, não sabem o que fazem; não sabem o que querem; não sabem o que procuram; não sabem o que encontram." »
P. Vítor Gonçalves
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